10.9.11

Acordamos cedo para pegar o ferryboat de Dublin para o País de Gales. Há dois portos em Dublin. Um que fica bem próximo, no centro de Dublin, e o porto de Dun Laoghaire, um pouco mais afastado (seria preciso pegar um transporte público até ele, pois táxi sairia muito caro). O porto de Dun Laoghaire tem muito mais horários de ferryboats, mas, para nossa sorte, o que tinha o melhor horário, no nosso caso, era mesmo o de Dublin e bastou pegar um táxi até ele.

Há algumas empresas que fazem o trajeto Dublin – Holyhead (cidade ao norte do País de Gales) e nós fomos de Stena Line (preço: 31,50 euros), escolhida, também, meramente pelo critério horário. O ferry saiu às 8h20min e chegou às 11h50min, bem a tempo de pegarmos o carro que já estava reservado na Hertz.

Eu havia desenhado mais ou menos um roteiro, dormindo cada noite em uma cidade e visitando algumas cidades por dia. A ideia era atravessar o País de Gales de norte a sul em sete dias. 

Felizmente, a escolha da quantidade de dias deu certo. Se você dispuser de mais tempo, é claro que recomendo. Até porque depende muito do tipo de turismo que você pretende. No País de Gales, há muitas trilhas para quem gosta de trekking. Esse não foi nosso objetivo (ao menos desta vez). Se for o seu, não aconselho ir em setembro, pois venta muito!!! Vimos muita beleza natural, mas queríamos mesmo era ver os castelos de Eduardo I, o rei inglês que, no século XIII, conquistou o País de Gales.

Pegamos nosso carro e aí se iniciou nosso primeiro perrengue! Como o Bruno disse que achava que daria conta de dirigir pela direita, a direção ficou para ele, é claro! Leva um tempo para acostumar (a dirigir no outro lado do carro, do lado contrário da estrada e ainda ter que se adaptar aos retrovisores e ter que usar a mão esquerda para passar as marchas!). Por isso, Bruno "beliscou" algumas calçadas e me deu um susto danado quando, ao virar à direita, entrou na pista errada. Eu gritei: “Bruno!” e um senhorzinho tascou a mão na buzina, revoltadíssimo. Deve ter xingado uns palavrões em galês...

Nossa primeira parada foi na cidade de Beaumaris, a apenas meia hora do porto. É uma cidade bem pequena, cuja atração principal é o Beaumaris Castle, o último castelo construído por Eduardo I.





É um típico castelo medieval, daqueles com um belo fosso, com muro externo e interno!





Sua construção começou em 1295, doze anos depois de iniciada a última campanha de Eduardo I contra os galeses. Empregou dois mil e seiscentos homens, mas a demanda por homens em guerras na Escócia fez com que as obras praticamente cessassem e, por isso, o castelo nunca foi terminado.


O que se vê na foto abaixo é um cais protegido. Pelo buraco que vemos no muro, chegavam os suprimentos, pois, originalmente, este canal era ligado ao mar.





Entramos, então, no castelo e caminhamos pela “gunners walk”, o caminho onde ficavam os atiradores, bem em cima dos muros e excelente para ter uma visão do alto.





Segundo uma placa, este seria o maior castelo entre os construídos pelo rei Eduardo I. Realmente é muito grande, mas, depois de ver outros, Bruno e eu ainda ficamos na dúvida...





Por falar em placa, essa aí parecia ter sido feita para mim! Quem me conhece, vai logo entender o porquê, não é?





Bom, o lugar é belíssimo! A grama verdinha, muralhas com mais de setecentos anos, o vento forte e um enorme silêncio. Me senti num lugar mágico e, então, lembrei que era só o começo da viagem!

Saímos do castelo e andamos um pouco pela rua. A cidade de Beaumaris fica numa ilha, chamada Anglesey e, durante muitos anos, Beaumaris teve o principal porto da ilha, até que esta fosse unida por pontes ao continente no século XIX.








Almoçamos rapidamente e seguimos viagem. A próxima atração seria a cidade de Conwy.

Conwy também possui um castelo medieval. Infelizmente, quando chegamos à cidade, ele já estava fechado.

Como o dia ainda estava claro, aproveitamos para dar uma volta pela cidade. Andamos um pouco pela orla e vimos uns barquinhos encalhados. A maré estava baixíssima.





E bem na orla está a menor casa do Reino Unido (com apenas 3m de altura!). Ela foi construída por um pescador, colada no muro da cidade, para o lado de fora. Uma gracinha!
 





Compare com o tamanho da porta da casa ao lado!





Depois, circundamos praticamente a cidade inteira por cima das muralhas que a cercam!








E fomos brindados com um lindo arco-íris!





Como vocês podem ver nas fotos acima, as muralhas estão incrivelmente bem conservadas. São 1280m de extensão e mais de nove metros de altura! Interessante que a cidade em si não é exatamente uma cidade medieval, pois há muitas casas mais recentes e as ruas são asfaltadas.





Descemos das muralhas bem em uma praça com a estátua de Llywelyn, um grande herói para os galeses. 






Cabe aqui um parêntesis para contar um pouco da história do País de Gales. O País de Gales só se tornou, de fato, uma nação em 770 d.C., quando o rei Offa construiu uma trincheira de defesa ao longo do território. Entretanto, a Inglaterra nunca desistiu por completo de conquistá-lo. Em 1066, a invasão normanda não atingiu o País de Gales, mas chegou até regiões da fronteira e, assim, o rei inglês Guilherme, o Conquistador, cedeu estas terras a barões, que ficaram conhecidos como “Lordes da Fronteira”. Os lordes acabaram controlando a maior parte das terras baixas galesas. Apesar disso, o rei permitiu que um líder galês comandasse, com certa autonomia, o País de Gales. Em 1267, inclusive, o rei Henrique III chegou a reconhecer Llywelyn - o último, como Príncipe de Gales. Em 1272, com a subida de Eduardo I ao trono inglês, o príncipe galês resolveu que não mais se submeteria às ordens da Inglaterra e, com isso, Eduardo I resolveu conquistar de uma vez por todas o País de Gales. É dessa época a construção dos magníficos castelos que estamos conhecendo. Llywelin morreu em combate em 1283 e Eduardo I nomeou seu filho mais velho  o primeiro Príncipe de Gales de nacionalidade inglesa, tradição que permanecesse até hoje (Se quiser saber mais sobre esta tradição, veja este post).

Começando a anoitecer, decidimos que chegou a hora de pegarmos estrada em direção à última cidade de hoje, onde iríamos dormir: Llandudno. Uma cidade praiana muito bonita. Como chegamos à noite, nos instalamos no nosso bed & breakfast e saímos apenas para jantar. Para variar, ventava muito e ainda caíam uns chuviscos.

Sobre a cidade de Llandudno e nosso segundo dia no País de Gales, já já o próximo post!

4 comments :

  1. Já vi que, assim que o Google descobrir o seu post, adeus a minha indexação privilegiada sobre Gales... Explico: há muito poucos blogs que falam sobre Gales, e eu era um dos únicos. Então no meu blog é um dos posts mais acessados sempre! Bastava alguém botar Gales e o Google direcionava para mim! Agora, com esse seu relato fantástico, essas fotos incríveis e ainda com vários dias pela frente, com certeza (e merecimento) você é quem merecerá os cliques do Google (ao menos se ele fizer justiça!!!). Uma abração e parabéns!!! O post está demais!!! Estou ansioso pelos próximos e pelos posts da Escócia também!!!

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  2. Valeu, Gleiber! Fiquei muito honrada com seu comentário!!! Bora divulgar esse país tão lindo e tão pouco conhecido! Bjs, Lu.

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  3. Sempre uma aula de História. Bem legal! Bjs Patrícia Tesch

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  4. Olá pessoal do Perrenguete! Eu moro em Dublin e tenho uma agencia de intercambio aqui www.europaintercambio.com e 1 vez ao mes faço passeios com clientes, estou levando eles para o país de Gales nesta terça-feira, 6 euros ida e volta de navio, mas vamos de trem até o castelo. Voce disse que sao 30 min até o primeiro castelo e se fossemos direto até o segundo castelo, quanto tempo seria? Voce acha que vale mais a pena ir para o segundo castelo até mesmo porque tem outras coisas para ver como as muralhas?

    Obrigada desde já.

    Abraço e parabéns pelo seu blog!
    Fernanda Duffy - fernanda@europaintercambio.com

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