28.10.10

O passeio de Balão na Capadócia acabou cedo na parte da manhã e, logo que voltamos para o hotel, partimos de ônibus para a capital da Turquia, a cidade de Ankara.

O dia estava chuvoso, mas nada que atrapalhasse as belas vistas do caminho. Ao nos aproximarmos do centro da capital, percebemos que a cidade estava toda enfeitada com as cores da Turquia e com a bandeira, além de fotos de todos os tamanhos e ângulos do Atatürk, o fundador da república.

Mustafa Kemal, apelidado por seu povo de Atatürk (pai dos turcos), merece um enorme parêntesis, mas vou me concentrar no que mais me impressionou (quem quiser ver mais entre nesse link do Wikipedia). Atatürk fundou a república laica da Turquia, ou seja, ele separou completamente a religião do Estado e ainda realizou mudanças radicais para que seu povo evoluísse. Mudou a escrita para o alfabeto greco-romano, com o fim de facilitar a alfabetização e o entendimento do Alcorão, que, até então, era mal interpretado. Proibiu o uso da burca e promoveu uma maior valorização das mulheres na sociedade. Os principais investimentos foram na educação e na saúde, criando sistemas públicos comparáveis aos privados. Como grande prova de que ele havia libertado seu povo dos impérios vitalícios, Atatürk se privou de ter filhos para evitar que estes fossem eleitos e, com isso, se restabelecesse uma nova dinastia.

Bom, frente a tudo isso, é fácil compreender porque seu povo o idolatra como um líder e herói.


A primeira parada que faríamos ao chegar em Ankara seria justamente no Mausoléu de Atatürk. Mas, infelizmente, devido às festividades, ele estava fechado à visitação. Só nos restou tirar algumas fotos bem de longe.


A próxima parada foi no Anadolu Medeniyetleri Müzesi, ou Museu das Civilizações da Anatólia. Pequeno, porém riquíssimo em peças valiosas e antigas. Logo na entrada, é impossível não notar a grandiosa estátua Hittite. Na verdade, essa é uma réplica cuja original se localiza próximo ao vilarejo de Fasillar, em Konya. Nela vemos o Stormgod, a divindade mais importante dos hititas, de pé sobre um deus da montanha e dois leões. Acredita-se que a estátua seja uma parte do monumento hitita em Eflatunpinar (um sítio arqueológico a oeste de Konya) mas que nunca chegou ao seu destino. Data do fim do século 13 a.C.


Já no início, a nossa guia juntou nosso grupo para começar as explicações em frente a um mapa de toda a Turquia. Ali percebemos que começaria um grande "tá visto" que não nos deixaria explorar o museu como gostamos, nos mínimos detalhes. Portanto, tirar fotos e prestar atenção nas explicações seria um grande desafio.

Parte do arcevo do museu são as pitorescas e fascinantes pinturas do 7º milênio a.C. Nas fotos abaixo, pudemos apreciar cenas pintadas de caça a animais.



Outro incrível destaque é um relevo pintado com um leopardo de frente para outro. O leopardo tinha um significado ritualístico especial para o povo de Catalhöyük.


Em uma das salas do museu, há um modelo de aposento que reconstrói os achados originais da cidade de Catalhöyük, uma das mais antigas do mundo, datando do 6º milênio a.C.!


Descobriu-se que esse antigo povo tinha a cultura de enterrar seus parentes dentro das próprias casas.


Vários adornos de cabeça de touro enfeitavam as paredes das casas.


Mais adiante, a guia parou em frente a várias pequenas (e feias) esculturas feitas de barro de uma mulher e parou em uma específica para nos explicar. A escultura, do 6º milênio a.C., encontrada em Çatalhöyük, é uma entre várias que representa a deusa mãe no momento em que dá a luz. Com seios grandes e grandes quadris, essa figura feminina é associada à agricultura e à fertilidade. Sua posição sentada entre dois leopardos sagrados sugere que ela é uma pessoa de poder.


Corremos para outra parte, onde há estantes de vidro, e ela apontou para uma escultura de bronze que representa o deus masculino de Hittite.


E, em outra vitrine, explicou que os sacerdotes Hittitas usavam um estandarte de bronze em cerimônias religiosas. O da foto abaixo, com apenas 34 cm, foi achado em Alacahöyük, datando do período 2100-2000 a.C.


Foi interessantíssimo descobrir que os povos da Anatólia começaram a usar a escrita há 4000 anos atrás. Os escritos foram encontrados em forma de documentos talhados em pedras. Entre eles foram identificados testamentos, documentos de matrimônio e até de divórcio.


Ao final do "tá visto", entramos em uma sala de esculturas e relevos de pedras, em que alguns chamaram a atenção pela grandiosidade e ricos detalhes. Como essa estátua do rei Tarhunza de 318 cm feita de pedra sabão de Malatya’s Aslantepe (colina do leão) do 8º século a.C.


Um relevo de Malatya.


E o leão de Aslantepe.


Já de volta ao ônibus, nossa parada final foi no hotel, onde deixamos nossas malas e saímos para explorar a cidade. Mas como já estava tarde e quase tudo fechado, a única coisa que nos chamou atenção foi essa escultura ao ar livre.


Infelizmente, nosso pacote pela Turquia não incluía nenhum dia a mais em Ankara e, no dia seguinte, logo cedo, pegaríamos o ônibus para começar nosso longo retorno a Istambul. Mas isso é o próximo post.

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