25.10.10

Mais um dia cheio pela frente, com três atrações a visitar!

A primeira foi Meryem Ana Evi, a casa da Virgem Maria. Segundo a história, após a morte de Jesus, São João, fugindo das perseguições aos cristãos, veio a este local trazendo consigo a Virgem Maria.

O interessante, no entanto, é como este local foi definido como a casa em que João se estabeleceu. Em um livro entitulado "A vida da Virgem Maria", a religiosa alemã Catalina Emmerich descreve com detalhes a localização da casa na colina de Éfeso. Seguindo essa descrição, foram feitas expedições e, ao final do trabalho, encontraram as ruínas aqui localizadas e, mesmo sem haver nenhum indício de a quem teria pertencido, a Igreja atribuiu a Maria.

A casa que se vê hoje no local foi construída por cima das ruínas encontradas.



Um segurança em sua porta organiza a fila e proíbe fotos e a permanência demorada em seu interior.





A visita não dura um minuto e logo saímos pela porta dos fundos da casa e encontramos um muro onde as pessoas podem deixar pedidos, recados e agradecimentos.


Os recados são escritos em qualquer pedacinho de papel e são amarrados cuidadosamente em outros que ali estão.



Próxima parada: Éfeso (Ephesus), uma famosa cidade antiga grega situada hoje na Turquia, mais precisamente na parte ocidental da Ásia Menor, conhecida também como Anatólia. Fica a 6 Km do mar Egeu e 680 de Istambul.

Não existe certeza sobre quem fundou e nem quando foi fundada pela primeira vez Éfeso. O que se sabe é que a cidade foi destruída e reconstruída inúmeras vezes. A primeira informação sobre isso vem da época de 2 mil anos AC. (parece que a informação é que é de 2 mil anos e não a primeira construção...). Sua existência foi mencionada como sendo perto do templo da mãe - Deusa Cibele, que, posteriormente, foi denominada Artemisia. As mais antigas fontes revelam que as amazonas é que teriam fundado a cidade.


O dia estava lindo, um sol brilhante, um céu azul limpinho e não à toa estava cheio de turistas. Eu disse cheio? Quis dizer LOTADO! Parecia o parque de diversão dos adultos fanáticos por história e arqueologia. Foi difícil tirar fotos, pois todos os ângulos eram concorridos. Depois, descobrimos que, além do nosso ônibus, havia turistas de 2 ou 3 navios que faziam o mesmo roteiro que o nosso.


Mas vamos ao que interessa. Começamos a visita a Éfeso pelo Odeon e o Ágora.




Passamos pela rua de mármore, com destaque às colunas com detalhes em forma de cabeça de touro.



Na mitologia grega, Asclépio é filho de Apolo e da ninfa Coronis. Foi criado pelo centauro Quiron, que lhe ensinou o uso de plantas medicinais. Tornou-se um médico famoso e, segundo a lenda, além de curar os doentes que o procuravam, passou a ressuscitar os que ele já encontrava mortos, ultrapassando os limites da medicina. Foi por isso fulminado com um raio por Zeus. Após a sua morte, foi cultuado como deus da medicina, tanto na Grécia, como no Império Romano. Em várias esculturas procedentes de templos de Asclépio greco-romanos, o deus da medicina é sempre representado segurando um bastão com uma serpente em volta, o qual se tornou o símbolo da medicina.

Esse mesmo símbolo encontramos na frente do que teria sido um hospital em Éfeso.



Além desse, encontramos outra escultura que deu origem a um símbolo moderno muito famoso. O baixo relevo de Nike, a Deusa da vitória. Nike lutou ao lado dos deuses do Olimpo, conseguindo a vitória sobre os gigantes poderosos. Como resultado, ela tornou-se o símbolo da vitória. Mas os supostos poderes de Nike não estavam limitados apenas a guerras. Ela também se tornou a deusa favorita dos atletas que queriam vencer em esportes competitivos.



Parênteses não cultural: Gatos são figurinhas que se repetem em qualquer visita à Turquia. E, não diferentemente, encontramos um que estava entretido com alguma coisa nesse buraquinho da base da pilastra:







Passamos pela rua de Curetes, onde acontecia todo o comércio da cidade. Nas laterais das ruas havia “lojas” com todo o tipo de produtos.

(Foto:Wikipedia)

Mais adiante, encontramos várias construções enormes como o Nymphaeum de Trajano, datado de 200 DC com dois andares construídos em memória do Imperador Trajano. Na frente, uma fonte com uma cascata de água de onde se erguia uma colossal estátua de Trajano. Um dos pés da estátua ainda pode ser visto aqui.



Bem em frente estão as casas de Éfeso, com um pátio contendo um mosaico que pertencia aos ricos da cidade.





Ali, também encontramos o templo de Adriano, construído em 200 DC e renovado em 400 DC, em nome do imperador Adriano. Originalmente em estilo Coríntio, podemos ver no centro do arco uma pedra com relevo de Tyche, a deusa da fortuna e, no relevo de dentro, uma figura seminua de uma Medusa em folhas de acantus. Os frisos nas laterais foram colocados durante a restauração de 400 DC e relatam a lenda da fundação da cidade.






Dentre várias construções fascinantes, há um ambiente curioso e surpreendente: o banheiro público com as latrinas de pedra. Algo como bancos de pedra com buracos sob medida para fazer o número 1 e o número 2. Eles faziam parte dos Banhos Escolásticos e datam do 100 DC. Eram os banheiros públicos da cidade e havia uma taxa de entrada para usá-los.



Por baixo há um sistema de drenagem com água corrente que levava a sujeira e o cheiro para fora.


E, à frente, outro sistema de drenagem que era usado para mergulhar uma esponja em uma vareta e depois limpar as partes íntimas. Curiosamente, na Inglaterra, há um ditado sobre "pegar a ponta errada da vareta", cuja origem é dessa época!


Não resisti e tive que me sentar em um deles para testar.



Um dos pontos altos da visita a Éfeso foi a biblioteca de Celsus. Em 92 D.C., Tiberius Julius Celsus Polemaeanus foi cônsul de Roma e estava encarregado de todas as construções públicas. Entre 105-106 ou 106-107 A.D., ele foi proconsul (governador) da província da Ásia, da qual Éfesus era a capital. Quando ele morreu em 114 A.D., aos 70 anos de idade, seu filho Tiberius Julius Aquila, construiu a biblioteca como um mausoléu para seu pai.




No período romano, todos os corpos de heróis eram enterrados fora das fronteiras das cidades. Aquila recebeu a permissão para enterrar seu pai em um túmulo de mármore em uma câmara funerária na biblioteca. O sarcófago de Celsus jazia dentro do prédio, sob a abside central.



A biblioteca é feita de mármore e decorada com figuras de Eros, Nike, rosetas e guirlandas em relevo. A fachada de dois andares possui colunas corintias de 21 metros. As estátuas que são vistas hoje são cópias das originais que foram levadas a Viena durante a escavação. As inscrições nas bases indicam que as estátuas simbolizavam a Sabedoria (SOPHIA), o Conhecimento (EPISTEME), a Inteligência (ENNOIA) e a Virtude (ARETE) de Celsus.





Em 262, durante os ataques góticos, o interior da biblioteca foi completamente incendiado, mas a fachada não foi muito afetada.





Antes de finalizarmos o passeio, chegamos a um dos maiores teatros gregos em que estive até hoje. E, sem dúvida, uma das construções mais impressionantes de Éfeso.



Ele era originalmente um teatro helênico de 300 AC. Mais tarde, foi restaurado, adaptado e ampliado no 100 DC pelos romanos, até que chegou a sua capacidade atual de 24.00 pessoas. O auditório tem forma de ferradura de 220 graus e um diâmetro de 151 m / 495 m. A fileira superior fica 30 m acima da orquestra.





O auditório ainda é usado hoje em dia para acomodar o público durante as apresentações no teatro. As produções teatrais do período clássico eram realizadas por atores masculinos que usavam máscaras em seus rostos. Estes e outros elementos relacionados à vida social em Éfeso durante o seu período de maior esplendor foram inferidos a partir da decoração de afrescos de várias paredes das casas nas encostas.


A lenda conta que São Paulo pregou neste teatro. No entanto, um ourives de nome Demétrio provocou seus colegas artesãos a um clamor público contra Paulo, com o grito "Grande é a Diana dos efésios". Isto porque pensou que esta nova religião poderia arruinar seus negócios. Eles levavam a vida vendendo as estátuas de Artemis (Diana) aos peregrinos que a visitavam.




Essa avenida em frente ao teatro se chama rua Porto e mede 500 metros de comprimento e 11 metros de largura. Em ambos os lados da rua havia pórticos cobertos. Estes pórticos, que eram reservados para os pedestres, tinham a função de protegê-los do mau tempo e abrigar lojas na parte interna. A pista, completamente coberta de mármore, foi enriquecida – na parte do meio - por quatro colunas com capitéis coríntios, que sustentavam estátuas dos quatro Evangelistas.


Os eixos das colunas continuam a existir e denotam padrões ornamentais de marcas claramente cristãs. Há razão para acreditar que este últimos elementos decorativos são o resultado de uma adição feita sob Justiniano (século 6), pouco antes do declínio inexorável da cidade.



Curiosamente, aqui acontecem apresentações com atores vestindo roupas da época para entreter os turistas.




E o dia não acabou. Mas como o post já está enorme, o próximo passeio, Pamukkale, nós mostraremos em um próximo post.

6 comments :

  1. Como prometido, estou aqui conferindo tudo!!

    Show demais tantas informações interessantes e fotos de cair o queixo!! Cada vez que passo aqui aprendo um monte de coisas legais!!

    Fico na expectativa de Pamukkale, mas não pode demorar muito!! auhuhauhahua

    Abração pra vcs e mta paz! Michel
    www.rodandopelomundo.com

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  2. Meus professores de História Antiga preferidos. Será que eu preciso dar umas maçãzinhas pra vocês de vez em quando?

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  3. Valeu Michel!!! Pode deixar. Tô me esforçando pra ficar pronto até o fim-de-semana!

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  4. Maçazinha de vez em quando é bom, minha irmã... Rsrsrs Bj!

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  5. Valeu Michel, estive em seu Blog e adorei, parabéns! E fica tranquilo q Pamukkale vai ser rápido pois vai ser da Perrenguete.

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  6. Patricia, um incentivo é sempre bom! E no nosso caso adoramos qnd há comentários! ;-)

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